Eu me lembro que já no auge da minha era nerd, eu estava perambulando por sites de cultura-pop (um dos meus hábitos diários) e por várias vezes eu me deparei com títulos de notícias que anunciavam coisas sobre Scott Pilgrim Contra o Mundo, mas eu nunca havia dado atenção ao filme, pois o nome não havia soado legal para mim. Certo dia, (eu ainda não sabia absolutamente nada sobre o filme) eu cliquei na notícia que mostrava as primeiras imagens oficiais do projeto e me deparei com Michael Cera correndo com uma espada flamejante nas mãos. Aquilo explodiu minha cabeça na hora, primeiro porque era o bosta do Cera e outra, ele estava segurando uma espada flamejante! O Cera! O cara que fez Juno e Superbad! Que não sabe fazer outra coisa a não ser interpretar o mesmo tipo de personagem, empunhando uma flamejante e quebrando o pau por aí? Eu precisa entender aquilo.Descobri então que Scott Pilgrim Contra o Mundo era a adaptação da HQ criada por Brian Lee O’Malley e que estava sendo levada aos cinemas pelas mãos de Edgar Wright. A história de trata do seguinte: Scott Pilgrim é um cara de vinte dois anos que namora uma colegial de dezessete e vive em Toronto, ele é baixista da banda Sex Bom-Omb e mora com seu colega de quarto gay Wallace Wells (Kieran Culkin) e essa vida estava perfeita para ele, até o surgimento de Ramona Flowers – OI LU! - interpretada por ninguém menos que Mary Elizabeth Winstead. Scott, então, totalmente apaixonado pela moça decide lutar por ela e quando eu digo lutar por ela, entenda isso de maneira literal, pois para ficar com ela, ele deve derrotas a Liga dos 7 Ex-Namorados do Mal! Sim, isso é insano, mas cale a sua mente e verá o quão genial tudo isso é. Depois de engolir essa história insana eu realmente me interessei pelo filme e quando foram lançados os dois primeiro volumes aqui no Brasil eu logo comprei e li. Eu não vim aqui para fazer a resenha da HQ, mas sim do filme, porém tenho que dizer que fiquei impressionado com o modo que o mundo da cultura pop foi trabalho por O’Malley. As referências ao mundo nerd (principalmente ao vídeo-game) estava tão presente ali que antes mesmo de ler a HQ inteira eu já estava fascinado por Scott Pilgrim Contra o Mundo. E quando eu concluí a leitura e o êxtase passou duas grandes preocupações caíram sobre mim:
1. Scott Pilgrim seria interpretado por Michael Cera.
2. Como Edgar Wright levaria toda aquela magia criada dentro d HQ para as telas?
Pois bem, teaser trailers saíram e tudo parecia bem empolgante e perfeito, mas aquilo só explodia a minha cabeça por alguns instantes, eu queria mesmo ver é como o filme ficaria. Lançado em 13/08/2010 lá fora, o filme ficou em baixa nas bilheterias e isso resultou em adiamentos seguidos de adiamentos para o lançamento aqui e depois de muito enchimento de saco dos fãs a Paramount finalmente lançou os filmes em pouquíssimas salas nacionais em 05/11/2010.
Depois de tanto esperar eu acabei esquecendo o filme e foi achando ele por aí –BAIXANDO- que eu me lembrei dele, pois a espera havia sido tanta que eu até tinha deixado o filme pra lá e decidi esperar pelo DVD.
Quando eu terminei de assistir ao filme a minha vontade foi de começar a assistir outra vez pra que eu terminasse o filme e começasse mais uma vez. EDGAR WRIGHT VOCÊ CONSEGUIU! Scott Pilgrim Contra o Mundo é o melhor filme de 2010 até agora e se você não concorda com isso eu vou lhe explicar o motivo da sua discordância. Assistindo o filme você deve ter pensando: “Nossa! Que louco! Esse cara quebrando o pau com os maluco pela mina e tals!”, mas acorda seu animal! O filme não se trata só disso! O filme se trata também de um cara que passou da hora de acordar e de amadurecer, sobre um cara que precisa de um grande evento em sua vida para tornar-se aquilo que ele realmente é e é exatamente nisso que Scott Pilgrim Contra o Mundo acerta em cheio, porque querendo ou não, todos nós somos assim! Se identificar com Scott é fácil mesmo sendo interpretado por Michael Cera. O cara pela primeira vez atuou de verdade, Scott tá legal nesse filme e valeu Cera, valeu por não ser você não ter interpretado você mesmo neste filme. Mary Elizabeth Winstead é uma das atuações que me fazem tirar o chapéu, Ramona Flowers é um ser complexo e ela está impecável no filme. Wallace é um viadinho engraçado, seu personagem nas telas ficou exatamente como ele é nas HQs. Agora, de modo geral, a sensação que você tem ao assistir o filme é que você está assistindo o jogo de vídeo-game, pois a quantidade de referência ao mundo dos jogos eletrônicos está tão presente no filme quanto está na HQ, e você pode notar isso antes mesmo do filme começar, basta apreciar a vinheta da Universal em qualidade de imagem e som em 8bits. Wright adaptou os seis volumes da HQ para as telas com uma perfeição jamais vista por mim até este presente momento, ele fez muito bem o seu trabalho, pois podemos ver que a interação entre os atores está muito bem trabalhada e há clima! Até a Knives Chau, que é bem chatinha nas HQs ficou uma garota legal no filme, bom trabalho Ellen Wong! A quantidade de informações que bombardeiam a tela durante o filme não deixa você com náuseas ou tonto, você consegue entender todas as seqüências de ação, todos os diálogos rápidos e inteligentes, tudo está muito bem trabalhado no filme, principalmente a trilha sonora que é tão divertida e dinâmica quanto o filme em si.
Scott Pilgrim Contra o Mundo é isso, um filme épico que não recebeu o reconhecimento que merece pelo público, talvez porque ele não é enxergado da forma que merece ser enxergado, com respeito por ser único no seu gênero, pois não há filme igual a este. Scott Pilgrim Contra o Mundo é o épico da epicidade épica e que deixará você com “lésbicas” pelo seu estilo empolgante, dinâmico e divertido a não ser que você tenha a mente fechada e a uma visão que não enxergue tão longe, mas quanto a isso fique tranqüilo, pois a diversão é garantida mesmo para os mais nós - cegos de todos e com certeza você terminará o filme já com a mão no botão RESTART*.
Nota: 10.
Scott Pilgrim Contra o Mundo
Scott Pilgrim vs The World
EUA, Inglaterra e Canadá, 2010 – 112 minutos
Direção: Edgar Wright
Roteiro: Edgar Wright, Brian Lee O’Malley, Michael Bacall
*Sem piadinhas com o lance do botão RESTART, ok?